terça-feira, 22 de maio de 2012

Crônica: Resoluto da Criança

Estou tentando resgatar a criança que fui outrora, que tinha curiosidade em descobrir a vida e ímpeto em escrever a própria história.
Eu descobri o lado ruim de crescer, meus amigos. Nada é tão belo quanto parece e nem todos os sonhos se realizam, certo?
Acho mesmo que nós sabemos disso, viemos de outra dimensão esquecidos de tudo, mas as memórias e o que aprendemos continuam latentes dentro de nós. Naturalmente exprimimos os instintos primitivos, os sentimentos, as necessidades de falar, caminhar e se proteger.
Sabemos que os sonhos não serão realizados através de pura magia, isso requer esforço árduo, luta ininterrupta, porque o tempo não para a fim de que nos recuperemos. Mas os olhos da criança simplificam o que nós, enquanto adultos, teimamos em tornar complexo e por tão pouco perdemos a razão quando a solução é tão óbvia; tão genuína que somente uma criança pode perceber o quanto somos tolos, débeis e cheios de nós, quando, na verdade, estamos morrendo de medo por dentro.
Que brilho no olhar tinha aquela criança que um dia eu fui!!!
Desejaria ter aquelas vestes novas de um corpo macio, respaldado de cuidados e semblante tranquilo, mas a vida tem me lapidado como pode e as marcas que dia a dia tornam-se mais visíveis, são certificados de que não estou passando pela vida a passeio como atestam alguns. Sinto-me intensa! Ah! E como eu sinto...
Mesmo assim, sabendo que é necessário, me dou o direito de ter a esperança de que algum dia poderei estender as mãos até o passado e abraçarei com tamanha ternura a criança que um dia eu fui e, enfim, seremos somente uma a caminhar pelo resto da vida: serenas e curiosas, cautelosas e surpresas, chorosas de ímpeto em viver plenamente!
Kathyane Brum
15 de maio de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário